quarta-feira, 24 de outubro de 2012

The Ent And The Entwife


Essa canção, trata dos Ents, arvores vivas que cuidam da floresta, e fala de suas Entesposas, por muito desaparecidas, e que até os últimos dias da era que vivam, eles procuravam por elas. Lindíssima espero que gostem!




Ent:
Se a Primavera enfolha a faia e a seiva os galhos banha,
Se a luz se espelha no regato e há vento na montanha,
Se o passo é largo, duro o esforço e frio corta o ar
Volta pra mim! Volta pra mim! Diz que é belo este lugar!
Entesposa:
Se a Primavera ao campo chega e o trigo está na espiga,
Se branca a flor qual neve brilha e no pomar se abriga,
Se em chuva e sol por sobre a terra perfume há no ar,
Eu fico aqui, não volto não, é belo o meu lugar.
Ent:
Se for Verão por sobre a terra e à tarde a luz dourada
Mil sonhos verdes derramar nas folhas enlaçadas;
Se verde e fresco for o bosque e o vento for bem-vindo,
Volta pra mim! Volta pra mim! Diz que aqui tudo é mais lindo!
Entesposa:
Se for Verão e no calor a fruta escurecer,
Se a palha é seca, e a espiga branca na hora de colher;
Se pinga o mel, cresce a maçã ao vento que é bem-vindo,
Eu fico aqui, à luz do sol, pois isso é bem mais lindo!
Ent:
Se for Inverno, o duro Inverno que mata e campo Cinvade,
Se a noite escura o dia sem sol devora sem piedade,
Se o Vento Leste for mortal, então na chuva fria
Vou procurar-te, vou chamar-te, eu volto nesse dia.
Entesposa:
Se for Inverno sem canções, se a treva enfim vier,
Quebrando já o inútil galho, se a luz já não houver,
Vou procurar-te e esperar-te, até seguir um dia
Comigo pela estrada afora sob a chuva fria!
Ambos:
E juntos para o oeste vamos nos encaminhar
E longe, longe encontraremos onde descansar.

O Senhor dos Anéis, pp. 499-500.



terça-feira, 16 de outubro de 2012

Infinito



Eu nunca fui de lembrar
Nem tenho quadros em casa
Pois são a fonte do pro
blema
A vida nem sempre é
Do jeito que eu esperava
Eu já nem sei se vale à pena
Mas se eu pintar um horizonte infinito
E caminhar
Do jeito que eu acredito
Eu vou chegar em um
lugar só meu
Lá pode ter um novo amor pra eu viver
Quem sabe uma nova dor pra eu sentir
A droga certa pra fazer te esquecer
Vai apagar a tua marca de mim
Tudo pode estar lá
Quem dera poder partir
Sem tchau, sem mala, sem nada
Ver bem de longe o meu planeta
E perceber
Que a gente é pequeno demais
Na imensidão das galáxias
Voltar a bordo de um cometa
Mas se eu pensar, que em tudo há algo de perfeito
E assim, voar, pra onde o ar é rarefeito
Eu vou chegar em um lugar só meu
Lá pode ter um novo amor pra eu viver
Quem sabe uma nova dor pra eu sentir
A droga certa pra fazer te esquecer
Vai apagar a tua marca de mim
Tudo pode estar lá
E eu aqui.

(Fresno)

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O Velho


O velho sem conselhos
De joelhos
De partida
Carrega com certeza
Todo o peso
Da sua vida
Então eu lhe pergunto pelo amor 
A vida inteira, diz que se guardou
Do carnaval, da brincadeira
Que ele não brincou 
Me diga agora
O que é que eu digo ao povo
O que é que tem de novo
Pra deixar
Nada
Só a caminhada
Longa, pra nenhum lugar 

O velho de partida
Deixa a vida
Sem saudades
Sem dívidas, sem saldo
Sem rival 
Ou amizade
Então eu lhe pergunto pelo amor 
Ele me diz que sempre se escondeu 
Não se comprometeu
Nem nunca se entregou 
E diga agora 
O que é que eu digo ao povo 
O que é que tem de novo
Pra deixar
Nada
E eu vejo a triste estrada
Onde um dia eu vou parar 

O velho vai-se agora
Vai-se embora
Sem bagagem
Não se sabe pra que veio
Foi passeio
Foi Passagem 
Então eu lhe pergunto pelo amor
Ele me é franco
Mostra um verso manco 
De um caderno em branco
Que já se fechou 
Me diga agora 
O que é que eu digo ao povo
O que é que tem de novo 
Pra deixar 
Não
Foi tudo escrito em vão
E eu lhe peço perdão
Mas não vou lastimar 

Chico Buarque

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Onde.


Em qualquer recanto onde existam rosas
qualquer rua escura em que a noite pare
e as palavras soem quase indecorosas...

Onde mais não haja do que só o instante

onde então me mate só de encantamento
ou talvez não morra e só me desencante...

Onde haja caminhos no chão de veredas

com estradas noturnas de pedras acesas
vaga-lumes vaguem pelas noites negras..

Onde o túnel d’alma nunca mais a habite

onde haja esperança que só tenha calma
e onde haja tristeza que não seja triste...


Onde haja certeza quando vier a sorte

que não tarde o dia quando vier a noite
nem retarde a vida quando for a morte...


Ouvindo:


O Anjo Mais Velho


O Teatro Mágico.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

ENTRE PARÊNTESES [...]


Minha vida não é tua
nem é minha tua vida...
Somos partes
fragmentadas
de uma ânfora
partida.

Não são tuas minhas liras
nem tuas liras são minhas...
Ocultamos
a alma nua
na paráfrase
das linhas.

Tuas mágoas não são minhas
minhas mágoas não são tuas...
Somos os lados
dessas calçadas
desencontradas
das ruas.

Por mim não te desesperas
nem por ti eu me desatino...
Somos apenas
os parênteses
de uma linha 
do destino.

Afonso Estebanez

Bons Pesadelos

Bons Pesadelos
Voltem sempre!